Início Congresso "Medellín 50 anos: profecia, comunhão, participação"
Cidade do Vaticano
Teve início esta quinta-feira (23/08), no Seminário menor de Medellín, o Congresso eclesial organizado para celebrar o 50º aniversário da segunda assembleia geral dos bispos da América Latina, inaugurada pelo Papa Paulo VI em 24 de agosto de 1968, realizado nesta cidade colombiana.
Intitulado “Medellín cinquenta anos: profecia, comunhão, participação”, o encontro é promovido pelo Conselho episcopal latino-americano (Celam), pela Arquidiocese de Medellín, pela Confederação caribenha e latino-americana dos religiosos e das religiosas e pela Caritas latino-americana.
Igreja em diálogo com o mundo
O congresso, que se concluirá no domingo (26/08), foi precedido de uma reunião de coordenação do Celam conduzida por seu presidente e arcebispo de Bogotá, cardeal Rubén Salazar Gómez, o qual ressaltou a importância do plano global anual intitulado “A Igreja a partir da pastoral em diálogo com o mundo”.
A reunião foi por sua vez precedida, nos dias 18 e 19 de agosto, sempre em Medellín, pelo congresso da Conferência dos religiosos da Colômbia (Crc) da qual participaram 220 religiosos e religiosas, muitos dos quais jovens, além de leigos consagrados, membros de institutos seculares, leigos engajados, seminaristas e sacerdotes diocesanos. O objetivo era “olhar os 50 anos de Medellín como memória e perspectiva para a vida consagrada”.
Trabalho teológico e pastoral: ver, julgar e agir
Metodologicamente, explicou em seu discurso de abertura a presidente nacional da Crc, Irmã Gloria Liliana Franco, a proposta que identificou o trabalho teológico e pastoral da Igreja latino-americana nas últimas cinco décadas foi preservada.
Portanto, “queremos recordar a segunda conferência do episcopado latino-americano que ainda nos desafia a envolver a nossa existência em torno dos verbos ver, julgar e agir”.
Visita do Papa Francisco a Medellín
Durante a sua visita a Medellín em 9 de setembro de 2017, o próprio Papa Francisco evidenciou a necessidade de formar “discípulos missionários que sabem ver, sem miopias hereditárias; que examinam a realidade segundo os olhos e o coração de Jesus, e daí julgam; e que arriscam, que agem, que se comprometem” afirmou a religiosa.
O anfitrião do evento é o arcebispo de Medellín, Dom Ricardo Antonio Tobón Restrepo. Em entrevista à agência Sir, falando sobre o congresso comemorativo, explicou que “se trata não somente de voltar a ler o documento conclusivo de cinquenta anos atrás, mas também de voltar ao mesmo espírito que animou aquela conferência e que nos permitiu iluminar a Igreja da América Latina, a partir das diretrizes indicadas pelo Concílio Vaticano II, e enriquecer tais orientações com a nossa experiência eclesial”.
Ver a missão com os olhos de Deus
Este evento “deve ser novamente para toda a nossa Igreja latino-americana um espaço de profunda comunhão, à escuta do Espírito Santo, que nos levará a olhar a nossa missão com os olhos de Deus”.
Entre outras coisas, a Conferência de Medellín se deu no ano em que a arquidiocese celebrava o centenário de sua criação; como tal foi um momento que deu um grande impulso para a vida desta Igreja particular, lançando-a rumo a um grande projeto de evangelização.
Exortação de Francisco: formar discípulos missionários
Também Dom Tobón Restrepo recordou a viagem apostólica de Francisco à Colômbia e a exortação, lançada não somente à Igreja local, mas a toda a América Latina, a viver um caminho para formar discípulos missionários de Jesus Cristo.
“Definitivamente, este é o projeto da nova evangelização. Na mensagem final da Conferência de Medellín os bispos notavam que o propósito deles era ‘alimentar os esforços, acelerar as realizações, permear todo o processo de mudança com os valores evangélicos’”, prossegue o prelado.
Opção preferencial pelos pobres
“Isto é, justamente – acrescenta o arcebispo de Medellín –, o que devemos propor-nos novamente: através do método ver-julgar-agir, renovar o compromisso de trabalhar pela promoção da pessoa humana e dos povos, promovendo os valores da verdade, da justiça, da paz e da solidariedade. Tudo dentro da opção preferencial pelos pobres e necessitados.”
Aquele encontro “chamou a atenção para a pobreza fruto da injustiça evidenciando que esta é uma das situações mais explícitas da realidade latino-americana”, afirma ainda Dom Tobón Restrepo.
Atualidade da mensagem de Medellín
Permanece a atualidade da mensagem, “como espírito de renovação da nossa Igreja na América Latina, como leitura à luz da fé dos eventos e interpretação dos sinais dos tempos, como aprofundamento da Igreja mistério de comunhão e realidade em diálogo com o mundo, como forte impulso pastoral e compromisso a alcançar uma autêntica e duradoura promoção humana baseada na justiça, como fruto de todas as Igrejas particulares do continente que em Medellín viveram um novo e forte anúncio do reino de Deus”.
(L'Osservatore Romano)
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