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Dom Melchisedec Sikuli Paluku, Bispo de Butembo-Beni, na RDC. Dom Melchisedec Sikuli Paluku, Bispo de Butembo-Beni, na RDC. 

RDC. Bomba numa paróquia de Butembo-Beni. Bispo: "A violência agora é diária"

A explosão ocorrida no último domingo, 27 de junho, na Paróquia católica de Butembo-Beni, na República Democrática do Congo (RDC), podia ter causado um autêntico massacre. O Bispo da Diocese, Dom Melchisedec Sikuli Paluku, já havia lançado o alarme no mês passado por causa dos contínuos ataques terroristas e as numerosas violações dos direitos humanos perpetrados na área.

Cidade do Vaticano

Às seis da manhã do último domingo, 27, explodiu numa Paróquia de Butembo-Beni (leste da RDC) uma bomba que havia sido colocada atrás do altar, no lugar onde habitualmente se destina ao coro. A explosão feriu gravemente duas mulheres que estavam presentes no local de culto para prepará-lo em vista à Missa dominical, dedicada ao Sacramento do Crisma. As duas senhoras feridas foram imediatamente transportadas ao hospital. O ataque destruiu alguns bancos e móveis da igreja, mas poderia ter causado um grande número de vítimas, visto que para a celebração se esperavam muito meninos, juntamente com os seus pais. Entretanto, a paróquia criou um Comité de segurança.

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Recorde-se que a diocese de Butembo-Beni encontra-se em Kivu do Norte, nordeste da RDC, sob ataque há algum tempo das chamadas “Forças Democráticas Aliadas”, um grupo de rebeldes próximo ao "Estado Islâmico". Já no mês passado, o Bispo local, Dom Melchisedec Sikuli Paluku, havia lançado o alarme por causa dos contínuos ataques terroristas e as numerosas violações dos direitos humanos perpetrados na área. Os agressores têm como alvo não apenas as igrejas, mas também as escolas e os hospitais. “Não passa um dia sem que a gente seja morta – havia denunciado o Bispo - Os rebeldes vêm para matar os doentes nas camas do hospital”.

Entre 2013 e 2020, os ataques causaram mais de 6 mil mortos apenas em Beni; 3 milhões de deslocados e 7.500 pessoas sequestradas; casas e aldeias queimadas; edifícios administrativos saqueados; animais, campos e colheitas saqueados. No passado mês de abril, a Comissão Permanente da Conferência Episcopal Nacional (Cenco) havia emitido uma mensagem na qual exortava a pôr fim à violência: “Párem de matar os vossos irmãos! - imploravam os prelados, dirigindo-se a todas as partes envolvidas - O seu sangue clama da terra”.

Os Bispos apelavam, pois, a uma reforma estrutural do governo; uma melhor gestão do exército, com a remoção de todos os oficiais coniventes; o reforço da logística para prevenir os ataques dos milicianos e, assim, reduzir a perda de vidas humanas; o lançamento de uma operação militar em grande escala, sob a autoridade do Conselho de Segurança da ONU; o desarmamento e a reintegração social dos militares desmobilizados, para evitar que se possam associar aos milicianos; “a criação de um quadro permanente de consulta para a coesão e a paz no Leste do País, guiado por um Observatório científico multidisciplinar, e o envolvimento dos líderes locais na sensibilização para a convivência pacífica”.

Ao mesmo tempo, a Cenco pedia a criação, nas zonas de conflito, de “espaços de diálogo” baseados na “promoção dos valores de cidadania”, e ao mesmo tempo o desenvolvimento de “uma parceria bilateral e multilateral com os parceiros internacionais”. “A guerra é a mãe de todas as misérias, afecta todas as esferas da sociedade e compromete o futuro dos nossos filhos – sublinhavam ainda os Bispos congoleses - Convidamos aqueles que são levados pelo espectro da divisão a compreender que é através do amor e da unidade que o mal pode ser vencido e a violência quebrada”. Daí o convite a "um tempo de oração pela paz no leste do País", porque o drama desta região "diz respeito a toda a nação".

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28 junho 2021, 12:03