Moçambique. Bispos divulgam Relatório de estudo sobre tráfico de pessoas no País
Rogério Maduca, Radio Pax – Beira, Moçambique
A Comissão Episcopal para os Migrantes, Refugiados e Deslocados (CEMIRDE) foi responsável pelo estudo junto de alguns investigadores, e com o financiamento da Agência Católica para o Desenvolvimento Internacional, CAFOD, e a Caritas Espanhola.
O estudo que iniciou em 2016 na região sul de Moçambique, revelou que na maioria dos casos as vítimas eram levadas para a África do Sul e os casos de extracção de órgãos humanos para fins obscuros tinham o envolvimento de curandeiros. Já no estudo feito no período de 2020 – 2021 nas províncias de Sofala, Manica, Zambézia e Tete, na região Centro do País, os investigadores constataram que a população não confia nas instituições de justiça, facto associado à falta de recursos humanos e materiais que dificultam a produção de provas contra os criminosos, tal como avançou Titos Quembo. representante da equipe pesquisadora.
Para além do acompanhamento psicossocial às vitimas, os pesquisadores deixaram várias recomendações.
De acordo com Dom Atanásio Amisse Canira, Bispo de Lichinga e referente da CEMIRDE na CEM, o trabalho levado a cabo pela Comissão para os Migrantes, é uma das formas que a Igreja usa para dar voz aos que não têm voz, colaborando para o bem da sociedade em defesa da vida humana.
Falando em representação da Procuradora Geral da República, a Procuradora chefe da província de Sofala, Carolina Azarias, assumiu a existência de desafios ligados ao crime de tráfico e garantiu que o Ministério público está preocupado com este tipo de crime, particularmente por colocar em causa os direitos humanos.
O documento constituído por mais de 50 páginas revela também a ausência de sentido de vida e dignidade humana por parte dos indivíduos que praticam este tipo de crime. Espera-se que através deste estudo seja possível eliminar o tráfico no território nacional em colaboração com diversas instituições.
Refira-se que este é o terceiro relatório de estudos sobre o tráfico de pessoas, órgãos e partes do corpo humano em Moçambique, o primeiro foi desenvolvido na região sul do País e o segundo no Norte. Na apresentação do último documento participaram autoridades religiosas, pesquisadores, representantes do ministério público e de instituições do ensino superior, organizações da sociedade civil entre outros convidados.
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