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Sudão do Sul: mais de 200 crianças libertadas por grupos armados

Nesta terça-feira (17/4) mais de 200 crianças foram libertadas por grupos armados no Sudão do Sul, a segunda libertação de crianças de uma série que nos próximos meses verá quase mil crianças deixarem as fileiras dos grupos armados, informa a UNICEF.

Bernardo Suate - Cidade do Vaticano

Do início de 2018 são mais de 500 as crianças que foram libertadas, mas ainda há cerca de 19 mil  servindo nas fileiras das forças armadas e dos grupos no Sudão do Sul

Nesta terça-feira (17/4) mais de 200 crianças foram libertadas por grupos armados no Sudão do Sul – é a segunda libertação de crianças de uma série, apoiada pela UNICEF, que nos próximos meses verá quase 1.000 crianças deixarem as fileiras dos grupos armados.

A primeira libertação das crianças teve lugar na cidade de Yambio no início de fevereiro, onde mais de 300 crianças foram libertadas para regressarem às suas famílias ou em centros de assistência apoiados pela UNICEF. Esta última libertação de outras 207 crianças ocorreu numa comunidade rural chamada Bakiwiri, a cerca de uma hora de carro de Yambio, no estado da Equatória Ocidental.

Combates em 2016 bloquearam libertação de crianças

As 207 crianças libertadas (112 rapazes, 95 raparigas) vinham do Movimento de Libertação Nacional do Sudão do Sul (SSNLM) - que em 2016 assinou um acordo de paz com o Governo e está agora a integrar as suas fileiras no exército nacional - e do Exército de Libertação do Povo do Sudão na Oposição (SPLA-IO). A intensificação dos combates em julho de 2016 bloqueou os planos iniciais para a liberação das crianças, mas um novo momento está sendo preparado agora para novas libertações no futuro.

"Nenhuma criança deveria nunca ter que pegar numa arma e lutar", disse Mahimbo Mdoe, representante do UNICEF no Sudão do Sul. "Para cada criança libertada, hoje é o começo de uma nova vida." O UNICEF sente-se orgulhosa de apoiar estas crianças quando regressam às suas famílias e começam a construir para elas um futuro mais luminoso.

Durante a cerimónia, as crianças foram formalmente desarmadas e equipadas com roupas civis. Agora serão realizados exames médicos e as crianças receberão aconselhamento e apoio psicossocial no âmbito do programa de reintegração implementado pelo UNICEF e os seus parceiros.

Formação profissional para as crianças libertadas

Quando as crianças regressam às suas casas, as suas famílias recebem assistência alimentar por três meses em apoio da sua reintegração. Além disso, as crianças recebem uma formação profissional para melhorar a renda familiar e a segurança alimentar. Não conseguir sustentar-se economicamente pode ser um factor-chave para associar as crianças aos grupos armados. Para além dos serviços relativos aos meios de subsistência, o UNICEF e seus parceiros garantem às crianças libertadas o acesso a serviços de educação específicos para a sua idade, nas escolas e centros de aprendizagem acelerada.

"UNICEF, UNMISS e os parceiros do governo têm negociado incansavelmente com as partes em conflito para permitirem a libertação destas crianças", disse Mdoe. "Mas o trabalho não pára por aqui: o processo de reintegração é delicado e agora temos que garantir às crianças todo o apoio de que precisam para o sucesso da sua vida”.

Cerca de 19 mil crianças ainda nas fileiras dos grupos armados

Apesar destes avanços, ainda existem cerca de 19 mil crianças a servir nas fileiras das forças armadas e dos grupos no Sudão do Sul. Enquanto o recrutamento e o uso de crianças por grupos armados continuarem, estes grupos não respeitarão o seu compromisso de defender os direitos das crianças segundo o direito internacional. À medida que as negociações de paz retomam e se discute do futuro do governo de transição, o UNICEF exorta todas as partes envolvidas no conflito a porem fim ao recrutamento de crianças e a libertá-las das suas fileiras.

 Além disso, é essencial um financiamento apropriado para o programa de libertação do UNICEF. O UNICEF Sudão do Sul precisa de 45 milhões de dólares amercianos para apoiar a libertação, a desmobilização e a reintegração de 19 mil crianças nos próximos três anos.

Oiça aqui o serviço sobre as crianças libertadas

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18 abril 2018, 12:54